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Incentivo do governo à produção de farinha beneficia produtores de Campo do Brito, Macambira e São Domingos

Sergipe | 18/08/2016 08h30

O secretário de estado da Agricultura, Esmeraldo Leal, em visita ao município Campo do Brito, maior produtor de farinha da mandioca do estado, constatou que a isenção do ICMS da farinha oferecida pelo Governo Estadual em 2013 vem trazendo grandes benefícios para os agricultores familiares e tem contribuído para manter a competitividade e o preço final da farinha na cesta básica do sergipano. Esmeraldo destaca também a importância do beneficiamento da mandioca para a economia de municípios como Macambira, São Domingos e Campo do Brito. Pelos dados do presidente da Associação de Produtores de Farinha, José Paixão de Santana, os três municípios da região beneficiam 3 mil toneladas de mandioca por semana.

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“Chamo a atenção para o fato de que o sergipano precisa conhecer mais da capacidade produtiva dos nossos municípios. Quem vier a Campo do Brito, São Domingo e Macambira vai perceber que a farinha tem uma importância muito grande para estes municípios, para a região e para o estado de Sergipe. Aqui é muito comum ver famílias inteiras mobilizadas em torno do plantio, venda in natura e principalmente da transformação da mandioca em farinha de mesa, tapioca, bolos e doces. É muito bom conhecer essa realidade, visitar as casas, conversar com as famílias e saber o peso que, principalmente, a agricultura familiar tem na vida pessoal e o impacto no município e na região”, disse Esmeraldo Leal.

Ele também chamou a atenção para o fato de que Sergipe tem destaque em alguns produtos como leite e derivados, os sucos de laranja e abacaxi, mas a farinha de mandioca passa despercebida, porque tem uma dificuldade de conseguir o selo de inspeção. “Por esse motivo nossa farinha, apesar de ser de ótima qualidade, não é vista como um produto forte no mercado. Precisamos melhorar ainda mais a industrialização para a farinha sergipana ser referência no mercado nacional”, acrescentou.

Destaque estadual

A visita de Esmeraldo Leal foi acompanhada pelo secretário municipal da Agricultura, Siveraldo da Cruz. O secretário municipal destacou que em Campo do Brito 680 casas de farinha estão em atividade atualmente, envolvendo cerca de 5.000 pessoas, tornando a cultura da mandioca, a principal fonte de renda do município. O município conta com cerca de 2. 500 propriedades rurais, a maioria delas formada por agricultores familiares que possuem entre 1,5 a 2 tarefas, vivendo principalmente da agricultura e da pecuária.

“O município de Campo do Brito foi o grande Vencedor Estadual 2015 do IX Prêmio Sebrae como prefeito Empreendedor na categoria ‘Pequenos Negócios no Campo’ com o projeto Casa de Farinha Comunitária: Uma alternativa Sustentável que fixou o agricultor a terra. Esse projeto conseguiu destaque na produção da mandioca no Estado a ponto de ser contemplado como a melhor prática de empreendedorismo e de geração de renda pela Caixa Econômica Federal”, ressaltou Siveraldo Cruz.

O agricultor e presidente da Associação de Produtores de Farinha, José Paixão de Santana, conhecido como Paixão de Sergino, disse que nos últimos anos a demanda de mandioca para manter as casas de farinha funcionando tem crescido, a ponto de os produtores terem de importar mandioca de estados como São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais. “Hoje recebemos em torno de 20 a 30 caminhões de mandioca por semana, que se deslocam dos estados do sul para cá onde fazemos a farinha e vendemos no mercado de Itabaiana”, pontuou Paixão.

Produção familiar

Um dos exemplos de família que mantém a produção constante é a do agricultor José dos Santos, conhecido como José de Otávio. Ele beneficia e comercializa de 18 a 20 toneladas de mandioca por semana, chegando a comercializar 150 sacos de 50Kg. Com esta produtividade, conta que chega a empregar 30 pessoas, familiares e vizinhos, que se revezam nas atividades de descascar a mandioca e operar as máquinas e fornos. José acrescenta que em função da seca o preço da tonelada de mandioca chegou a R$ 500 fazendo diminuir a margem de lucro, já que prefere manter o preço de venda a R$ 3,00 o quilo da farinha para os revendedores.

O sucesso da cooperativa

O secretário Esmeraldo Leal também visitou a Cooperativa dos Produtores de Farinha de Mandioca (Cofama), em Campo do Brito. Com 82 cooperados eles criaram a marca ‘Delícia da Copa’ que empacotam e comercializam a farinha, a mandioca e a tapioca, dentro de todos os padrões exigidos pelo mercado. Os produtos são vendidos para as principais redes de supermercados do estado de Sergipe, mercados regionais, além para o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Mesa Brasil do Sesc.

O representante da cooperativa, Luiz Carlos da Lapa, disse que a organização tem conquistado mercados importantes, a exemplo do ano de 2015 quando venderam 300 toneladas de mandioca em uma chamada pública para escolas em Brasília. “Também em Sergipe vencemos a chamada pública para fornecer macaxeira para todas as escolas da rede estadual”, disse Carlos.

Preço competitivo

Carlos explicou que um dos principais motivos que tornou a cooperativa competitiva foi a isenção do ICMS da farinha por parte do estado. “Essa isenção foi um tesouro porque tínhamos dificuldade de comercializar tanto fora do nosso estado como aqui em Sergipe. Como nós cooperados temos uma marca, é preciso de uma nota e muitas vezes os atravessadores atrapalhavam nosso trabalho. Para nós foi uma grande riqueza”, exaltou Carlos Lapa, lembrando que desde 2013 o valor comercializado já foi reduzido em 7%.

Mandioca em Sergipe

Pelos dados da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), em 2015 os agricultores sergipanos colheram 25.305 hectares de mandioca com uma produção de 380.182 toneladas, sendo município de Lagarto o maior produtor desta raiz. Até julho de 2016 a área plantada no estado estava em 24.279 hectares, com previsão de colheita de 270.654 toneladas de mandioca.

*ASN
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